quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Algumas reuniões, alguns pontos.

1. A Lição de Rod Stewart

Começamos nosso grupo de estudos para dar pontapé à pesquisa do novo espetáculo para crianças de todas as idades da Cia do Abração no dia 21 de novembro de 2008, com um texto de Affonso Romano de Santana, “A lição de Rod Stewart”. Deste texto muitas discussões e reflexões a respeito virtuosismo e simplicidade artística misturados com técnica apurada e paixão aguçada. Neste texto há uma comparação entre as vozes cantantes de Rod Stewart e Tony Bennett e no momento da discussão não lembrava a voz nem de um e muito menos de outro, o que me levou a busca de faixas musicais que pudessem me localizar melhor na comparação. Feito isso pude compreender melhor o que Romano quis propor para nossa discussão e reflexão e por onde caminhamos em nossas escolhas na arte. Uma conclusão limitada e minha: a técnica possibilita a virtuose e o espetáculo visual e envolvente e a sutileza da simplicidade realça a paixão revelada em cena, aquilo que toca a sensibilidade do espectador de forma não menos envolvente. Dosagem, equilíbrio de ingredientes e chegamos ao nosso objeto de pesquisa, uma linguagem teatral aprimorada e sensível.

2. Quantos Santos conquistam o céu?

Em meados do século XIX e XX, Santos Dumont, um homem no plural, trilhava o caminho da conquista de um sonho da humanidade, habitava a terra e alçava os ares. Um homem que sofria de uma doença chamada Aerite, conquistou e abriu as portas do céu para muitos outros Santos, Silvas, Pereiras e afins. Falar de Alberto Santos Dumont encaminha rapidamente nossas conversas aos sonhos de cada um e aos sonhos coletivos, os grandes desejos humanos, inerentes à existência e também, por que não, aos sonhos noturnos, profundamente lúdicos, temerosos ou até mesmo premonitórios. Um chão, ou melhor, um céu cheio de caminhos que podemos buscar a cerca do onírico e da fantasia de nossa dramaturgia. Somos artistas e, por natureza, sonhadores, nossa identificação com Santos Dumont é rápida e quase que automática, a poesia de sua vida, melhor dizendo, como ELE enchia sua vida de poesia é um exemplo para quem quer tirar os pés deste chão da realidade. Realidade que ele mesmo tinha que enfrentar para impulsionar seus saltos após cada uma de suas quedas, realidade da descrença das pessoas que duvidavam que o homem pudesse voar como os urubus, principalmente quando viu seu sonho de criança se tornar uma realidade apocalíptica no século XX, na Primeira Guerra, além claro de todas as catástrofes aéreas pela qual se julgava culpado. Mas a poesia assumia cada detalhe de sua vida apesar de tudo, visto que habitava uma casa chamada Encantada. Posso dizer que vejo poesia até em um Alberto morto cujos pés não tocam o chão. Me desculpem os Santos, mas nosso Santos conquistou o céu ainda em vida.

“Eu finjo coragem e enfrento o perigo”
Frase de Santos Dumont grifada por Moira Albuquerque.

3. Infância de ontem e de hoje

Do livro “Para viver com poesia” de Mário Quintana, no dia 28 de novembro, nosso segundo encontro do grupo de estudos, lemos o texto “Para levar a infância a sério”. Na verdade começamos a ler e paramos no terceiro parágrafo, pois nossa discussão engatou a partir deste ponto e durante as quatro horas de mesa, giramos em torno de uma “infância fabricada”, sobre os meios e recursos que se criam para que a criança seja criança, sobre educação contemporânea e sobre o teatro para crianças. Ficamos com a pergunta de como falar à criança de hoje e o que queremos falar. Pergunta recorrente em todos os nossos processos de criação. Lembrar sempre o que fazemos e em que bases nos apoiamos ou em que corda nos seguramos, faz parte da pesquisa responsável que nossa Cia levanta em busca de um teatro infantil contemporâneo.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Iniciei no grupo de pesquisa dia 05 de dezembro, portanto acompanhei as duas últimas reuniões e desconheço quantas outras perdi, mas o que surgiram nestes dois encontros foram as dúvidas, dúvidas estas tão típicas do início de processo, do começo da investigação.

Para sanar estas dúvidas devemos nos aprofundar nessa extraordinária personalidade que foi Alberto Santos-Dumont. Ele que tinha apenas uma certeza: que queria voar. E conseguiu.

Já sabemos de seu desejo em ser útil, de aprender, da força interior que ele tinha para alcançar os objetivos traçados sem perder a esperança e sem deixar que os tombos o impedissem.

E para nos ajudar a sanar as dúvidas, posto aqui um link para download de duas de suas obras: “Os meus balões” e “O que eu vi o que nós veremos”.

Destes eu levarei uma cópia integral do segundo e duas cópias da introdução do primeiro livro para lermos em nossa próxima reunião.


Já ia esquecendo o link: livros_santos_dumont.rar

Nilton Felix

PS: Val: Coloque umas nuvens de fundo neste blog. Este céu de brigadeiro está muito monocromático... 

"O sonhador tem sempre uma nuvem a transformar. A nuvem nos ajuda a sonhar a transformação."

Gaston Bachelard